Há qualquer coisa de especial em Moreno.
Seja a sua capacidade em fintar o destino, pedindo dele sempre nova oportunidade, fazendo-a por merecer.
Seja pelo modo como morde a língua, não rejeitando os desafios.
Seja pela coragem de aguentar as dúvidas que impenderam sobre si desde menino, naquele momento em que foi dispensado dos escalões jovens vitorianos e teve de recomeçar no regaço dos Amigos de Urgeses, clube da sua terra.
O treinador vitoriano é por isso mais do que tácticas, esquemas, saídas a jogar, transições ou basculações. Mesmo sabendo disso, o seu segredo está na vontade de vencer e na indómita capacidade de sempre acreditar que pode ir mais além, superar-se.
Terá sido por isso que aceitou o desafio de António Miguel Cardoso para liderar a equipa. Mas, também, terá sido por isso que não deitou a toalha ao chão nas primeiras contrariedades. Também, terá sido essa razão que, nas sequências negativas da equipa, mordeu a língua e respondeu como sempre fez: com trabalho, conviccções fortes, confiança nas suas capacidades.
Tal faz-nos perceber uma coisa: se tecnicamente Moreno é um (óptimo) projecto em construção, em exemplo, em paixão e em crença, o Vitória não poderia ter melhor treinador.
A prova disso, o modo como agarrou o balneário, como os jogadores o seguem cegamente, como, após as críticas que lhes fez quando referiu os já icónicos "meninos mimados", esses não fizeram birra, acataram o remoque e desataram a vencer. Chama-se respeito pela liderança e confiança em quem comanda. Também, por isso, o seu exemplo de tenacidade demonstrou poder ser seguido.
Será sem dúvida esses predicados que distinguem os que têm capacidade dos demais...porque, os cursos, esses, ensinam a todos o mesmo, não distinguindo o trigo do joio.