PRETO NO BRANCO #33
I – Repetitivo...
II – No desafio contra o FC Porto, mais do que as carências da equipa, já aqui várias vezes mencionadas, sobreveio uma realidade que, todos já sabíamos existir, mas que, fruto de alguns resultados positivos até Novembro fazíamos por esquecer: a manta é curta!
III – Manta curta essa, que, provavelmente, impedirá Moreno/Aroso de gizarem um sistema táctico diferente daquele que, por muito tempo, foi considerado um Santo Graal da temporada vitoriana. Uma manta curta que leva a que, mesmo em situações de dificuldade, a equipa continue a proteger-se em vez de ousar, a preferir a segurança dos processos à vertigem do risco... o que faz com que se torne previsível e facilmente anulável.
IV – Verdade que o Vitória foi afectado por uma praga de lesões de longa duração, principalmente no meio-campo. Mas tal não justificará o discurso redondo das flash-interview de alguém que não conhece a idiossincrasia vitoriana, algo que deveria ser recitado de cor em todos os elementos da estrutura.
V – Frente ao FC Porto, o Vitória foi uma equipa consciente destas debilidades. Receosa. Com medo de arriscar. Com a certeza que se “carregasse no ataque”, “descarregaria a defesa”. Por isso mesmo a perder, graças a uma sucessão de momentos infelizes – na última jogada da primeira parte, Maga em vez de aliviar a bola entregou-a a um jogador portista. Este iniciaria a jogada que culminaria com uma escorregadela de Afonso Freitas, na grande área, a possibilitar o remate vitorioso - a equipa foi incapaz de um golpe de asa, de perder o receio de ser feliz, de surpreender
VI – A comprovar esta tese, haverá um momento basilar no jogo. Jorge Fernandes, que foi titular em detrimento de um Bamba a passar por um ocaso de forma, lesionar-se-ia a meio da segunda metade. Pensou-se que Moreno/Aroso pudessem desmontar os três centrais, abrir os extremos, procurar ganhar superioridade numérica nos corredores. O marfinense passaria para trinco, apoiaria Janvier e Dani que, fruto das suas qualidades ofensivas, poderiam fazer balançar o último reduto contrário.
VIII – Puro engano. O Vitória não desmontaria o sistema dos três centrais, optando posteriormente por tentar resgatar o empate em trocas de jogadores, não mudando de estratégia, de sistema, ou sequer de posicionamentos.
Assim, tornaria fácil a vida de um adversário que, verdade seja dita, pouco mais foi do que inofensivo e que estaria ao alcance de um Vitória menos reverente, menos receoso, menos pouco corajoso... em suma, um soma de menos que ao contrário da matemática não dá mais!
IX – Tal é atestado pelo facto de, segundo o portal GoalPoint, o jogador vitoriano com mais acções na área portista não ter sido André Silva, muito menos Safira, nem sequer Jota Silva. Foi, num caso que deve ser único na história do futebol, o seu guarda-redes, Bruno Varela, que nos últimos dois minutos numa sucessão de bolas paradas subiu à área adversária. Teve três acções nessa parte do campo... mais do que os inoperantes, inofensivos e incapazes de criarem perigo André Silva e Safira.
X – Como será a segunda volta?
Será o Vitória capaz de repetir este percurso mediano, cuja atenuante passará pela assunção de ser um ano de dificuldades?
Será que os jovens jogadores conseguirão crescer e superar-se?
Será que André Silva confirmará tratar-se da mais valia que se esperava?
Entre outras perguntas, esperamos que o Vitória redescubra o caminho para o êxito!
XI – Segue-se o Desportivo de Chaves do vimaranense Vítor Campelos. Em mais um dia e horário indecente para um jogo de futebol (Segunda-feira às 21h15), já nem se pede uma exibição de nível superlativo. Pede-se, apenas, que se quebre a sequência de oito jogos sem vencer, gerando-se a confiança necessária para o futuro!
Vasco André Rodrigues