I – Podemos parar para reflectir?
II – Janeiro é mês de mudanças. Alterações e cumprimento de resoluções que assumimos cumprir e desejamos que sejam uma efectiva melhoria nas nossas vidas. Mas, também, a manifestação do desejo de continuar os bons trilhos que o ano anterior nos permitiu traçar, não transvergindo das melhores direcções.
III – No Vitória, contudo, o novo ano nada trouxe de bom. A equipa, desde a retoma do campeonato ainda não foi capaz de vencer, sendo, inclusivamente, eliminada da Taça de Portugal perante o eterno rival, em cinco minutos de completo desnorte.
Pior do que isso, o histórico dos jogos anteriores na Taça da Liga que Aroso, ontem, inexplicavelmente, considerou de prova menor (como se a montra de troféus do Vitória comportasse muitos títulos de dimensão superior, mas já lá iremos...) sublinha a cinzento, ainda, mais carregado este momento difícil.
IV – Momento difícil que, ontem, em Barcelos nem com o golo inaugural apontado por Anderson (que seria herói, mas, também, vilão ao ser expulso numa simulação de grande penalidade), se conseguiu atenuar.
O Vitória, apesar da vantagem inicial, deu sempre a sensação de estar demasiado exposto às ofensivas do Gil Vicente, valendo, por algumas vezes, um Bruno Varela que pareceu estar de regresso às suas melhores noites, à sua melhor versão.
V – À falta de soluções, atendendo ao inusitado número de lesões com que a equipa se vai deparando na zona medular do meio campo (André André, Tiago Silva, Zé Carlos, Handel), somou-se o castigo de André Amaro (e que falta ele fez) e o medo cénico de mais um jogo sem conseguir vencer, que seria o sétimo.
VI – Pese embora estes óbices a um bom desempenho, a verdade é que a equipa, à imagem do que sucedeu em Braga, entrou bem em campo. A tentar jogar bem! A procurar criar desequilíbrios com as rápidas movimentações dos seus jogadores da frente de ataque!
Por isso, chegaria ao golo por Anderson e parecia que a extraordinária falange humana que nunca faz com que os Conquistadores se sintam sós iria ser recompensada.
VII – Porém, a seguir ao golo tudo se alteraria. O Gil Vicente passaria a carregar no acelerador e denotar-se-ia, desde logo, uma dificuldade acrescida. Jorge Fernandes, chamado a jogo depois de tanto tempo de recuperação, não estava nos índices físicos e competitivos necessários. Sentiria dificuldades em travar o veloz e perigoso Fran Navarro, Daria espaços causadores de múltiplos perigos, inicialmente esconjurados por Bruno Varela. Porém, tantas vezes que o cântaro foi à fonte...
VIII – A segunda metade seria quase uma cópia fiel da primeira metade. O Vitória a (querer) jogar bem, os barcelenses a replicarem e a pressentir-se um golo que poderia cair para qualquer um dos lados.
Antes disso suceder, teremos de falar em Anderson. O brasileiro que vinha a exibir-se a bom nível seria admoestado com um cartão amarelo depois de sofrer falta de um gilista e seria expulso por (pretensamente) simular uma grande penalidade.
Uma decisão rigorosa de Fábio Veríssimo, um árbitro que não gosta do Vitória, e que terá mudado o cariz do jogo, crendo nós que se a camisola tivesse outra cor, o lance não teria o desenlace que teve!
IX – Sem soluções no banco, só nesse momento, Moreno faria a primeira substituição do jogo, lançando Nélson da Luz.
Porém, neste momento, o banco do Vitória é parco de soluções. Parco de possibilidades para mudar o jogo. Dificilmente recorrendo a ele é possível mudar o rumo do jogo.
Tal sucederia e, em mais uma brecha do último reduto, os barcelenses apontariam o golo que lhes haveria de dar o triunfo.
X – O Vitória perdia e somava o sétimo jogo consecutivo sem conhecer o êxito. Apesar de, na flash interview, João Aroso ter minimizado o mau momento, lembrando que o Vitória entrou na Taça da Liga para dar ritmo a jogadores ( como se o Vitória pudesse menosprezar a hipótese de chegar longe em qualquer prova), a verdade é que no campeonato as coisas não têm corrido bem e o discurso de só ter perdido quatro jogos nos doze últimos disputados, parece, simplesmente, “um sacudir de água do capote” que não se coaduna com os pergaminhos de um clube habituado a andar nos lugares cimeiros...
XI – Segue-se o FC Porto, num daqueles desafios em que há que entrar em campo o mais compenetrado e concentrado possível.
Não será fácil, mas, desde o início da temporada, nada tem sido...
Será frente aos Dragões que iremos assistir ao (re)despertar dos Conquistadores?
Vasco André Rodrigues