PRETO NO BRANCO #31
I – Da ilusão à desilusão...
II – Foi muito duro o que sucedeu, ontem à noite, no tapete verde do SC Braga, onde o Vitória se deslocou para defrontar o seu eterno rival em desafio contar para os oitavos de final Taça de Portugal.
III – Um jogo em que se chegou do céu ao inferno em cinco minutos... em que se passou da desenvoltura da excelência para o terror do abismo em velocidade record...onde o controlo emocional deu lugar a um desabamento instantâneo!
IV – Moreno surpreendeu em algumas escolhas para a partida. Assim, apesar de Celton ter defendido nas anteriores partidas da Taça de Portugal, ninguém ficaria escandalizado se a aposta, desta feita, recaísse em Bruno Varela. Porém, o treinador apostou no seu suplente e não foi por aí que a equipa se ressentiu.
Além deste, realce para as entradas de Dani Silva (autor de bela exibição) para o lugar de André André e, na única alteração de filosofia relevante, de Anderson para o lugar de Johnston.
Por essa razão, durante 70 minutos o Vitória foi um turbilhão que o adversário nunca soube entender. Jota a fechar à direita, dando apoio a Maga, em transição ofensiva tinha ordens para deambular livre por toda a frente de ataque. Anderson e André Silva iam alternando entre a faixa e o eixo, causando dúvidas aos defensores contrários. Uma escolha acertada e que iria recolher frutos!
V- Como dissemos, o Vitória entrou bem no jogo. Fez 25 minutos do melhor que se lhe viu no presente ano. Jota, logo, aos 4 minutos desperdiçaria um golo na cara de Mateus, para, quase, logo de seguida colocar em festa os muitos vitorianos presentes nas bancadas.
A equipa de Moreno era um conjunto personalizado, destemido e a demonstrar uma qualidade acima da média.
VI – Melhor ficaria, quando já a adoptar uma postura mais conservadora, conseguiria na última jogada da primeira parte, por Anderson, pleno de classe, marcar o segundo golo. Pensava-se que poderia ser o momento-chave do desafio e a Conquista da Pedreira muda e silenciosa, atendendo à qualidade demonstrada pelo Vitória.
VII – A segunda metade começaria dentro das mesmas premissas, ainda que desde logo o treinador adversário demonstrasse querer colocar a “carne toda no assador”, ao mandar mais e mais avançados para a liça.
Porém, o Vitória continuaria, em rápidos contragolpes, a aproximar-se do último reduto adversário, sentindo-se que, com um pouco mais de calma no momento de finalizar, poderia ser dada a estocada final.
VIII – Estocada final que terá estado em ponto de mira, quando Nélson da Luz, depois de extraordinária jogada individual, desperdiçou por deslumbramento e imperícia o terceiro golo que, provavelmente sentenciaria o jogo.
Com o Braga a actuar praticamente sem meio campo, a apostar em jogo directo para a cabeça de Banza, certamente que o jogo ficaria na mão vitoriana.
IX – Porém, tal não sucederia e, quase já sem se esperar, o adversário reduziria a diferença num lance feliz.
Neste momento, provavelmente, o banco vitoriano terá sido lento a reagir. Com a inflacção de dianteiros do adversário, com a diferença de um golo no marcador, provavelmente, até para quebrar ímpeto ao oponente, seria importante a colocação de uma torre no último reduto defensivo e subir Bamba para trinco.
Reforçar-se-iam as linhas recuadas e ganhar-se-ia tempo e capacidade para sofrer.
IX – Porém, antes de tal ser feito, o adversário empataria o jogo, piscando o olho ao prolongamento.
Não chegaríamos a esse momento, pois com uma equipa desorientada, sem capacidade de reacção e com Bamba a cometer o seu único erro no desafio, a reviravolta seria consumada!
O Vitória caía em cinco minutos, desorientado, por ter estado tão perto da glória, tendo o adversário subjugado e ajoelhado e não ter tido a capacidade para dar a machadada final.
X – Mais do que a derrota, importará, agora, olhar para o futuro e o desafio passará por segurar a equipa animicamente depois daqueles tormentosos dez minutos.
Para além de treinador, Moreno terá de ser um grande psicólogo. Um homem capaz de fazer viver no subconsciente dos seus comandados o que de bom foi feito durante a partida. Um homem capaz de evitar o afundamento anímico de homens como Nélson da Luz, Bamba, entre outros, convencendo-os que há muitas batalhas a vencer.
Apesar de uma derrota que dói (e muito!) mostrar que há matéria-prima e capacidade para continuar a crescer e a vencer...
XI – Segue-se o Gil Vicente. Um desafio em que a capacidade anímica do conjunto será posta à prova.
Na verdade, depois do golpe contra o rival no campeonato sentia-se que a equipa, apesar disso, saíra fortalecida.