Preto no Branco #29
Preto no Branco
Publicado em 31/12/2022

PRETO NO BRANCO #29

 I – Profunda desilusão!

 II – Verdade que o Vitória nos últimos três jogos a contar para a Taça da Liga foi uma sombra do que já houvera feito na presente temporada! Verdade, também, que o período de pausa, ao contrário de outras equipas, significou um período de descompressão competitivo através do confronto com adversários de menor nomeada, sendo que como foi referido a Taça da Liga serviu para dar ritmo a atletas e a fazer experiências tácticas. Pior do que isso, nenhuma sirene de alarme tocou quando a equipa nesses cinco desafios foi incapaz de vencer quatro clubes do segundo escalão e nenhum deles nos lugares de subida, bem pelo contrário. A saber: Vilafranquense, B SAD, Benfica B e Estrela da Amadora

 III – Porém, pensava-se que apesar desse hiato competitivo, já que a Taça da Liga foi (erroneamente, repetimos,atendendo ao quadro sorteado e que poderia catapultar o Vitória para o final four da competição) encarada como preparação para a Liga, e, até por isso, o desafio em Vizela, perante muitos vitorianos, seria diferente!

 IV – No seu tradicional esquema, com Maga a voltar à titularidade e Lameiras a assumir o lugar do castigado Jota, o Vitória até terá feito os melhores 30 minutos da presente temporada.

Com agressividade, envolvência, a dispor de algumas oportunidades mais ou menos flagrantes, ninguém naquelas bancadas ousaria alvitrar a derrocada a que se iria assistir a partir do momento em que o Vitória perdeu gás, deixando o Vizela explanar o seu plano táctico na perfeição.

 V – A ajudar ao desacerto uma precipitação de Bamba possibilitaria que o Vizela, no final da primeira metade do jogo, beneficiasse de uma grande penalidade. Um descontrolo emocional do jogador que estava a fazer mais uma bela exibição e que a partir daí jamais se encontraria.

Porém, realce para o árbitro Rui Costa, que ao contrário do que sucedeu no desafio do Vitória perante o Benfica, em que sonegou duas grandes penalidades aos Conquistadores, não foi acometido sequer de qualquer dúvida quanto ao lance! A cor das camisolas altera o discernimento...

 VI – Ia o Vizela para o intervalo a vencer, sem merecer!

Moreno para tentar dar a volta ao jogo não mudaria o esquema. Simplesmente, trocaria André André por Janvier, na demanda de dar à equipa mais uma solução de empate: a meia distância.

Todavia, a segunda parte seria um chorrilho de asneiras, de erros e de múltiplos momentos de desorientação individual e colectiva.

Logo a começar uma extemporânea saída da baliza de Bruno Varela que possibilitou a Samu bisar, colocando os vizelenses com uma vantagem confortável no marcador!

 VII – A partir desse momento, o Vitória seria o que tem sido quando precisa de marcar. Uma equipa a querer mas sem soluções. Com falta de esclarecimento nas opções a tomar. Com inexistência de jogo interior, já que não existe quem seja capaz de fazer um passe entrelinhas. Com dificuldades na transição defensiva, sendo um ai-jesus quando o Vizela avançava no terreno.

Em suma, como em tantas vezes tem sucedido, a querer mas a não saber como poder. A tentar mas sem arte nem engenho para conseguir. E, ao invés, a expor-se a mais um contra-golpe letal!

 VIII – A comprovar isso, o modo como a equipa foi sendo mexida. A colocar jogadores para dentro de campo, sem nada acrescentarem. A entrarem no terreno mas incapazes de fazerem “dançar” o último reduto do Vizela. Um redondo zero de qualidade, exposto a quem tudo lhe estava a sair bem, mas com um projecto e um esquema para o jogo que foi seguido à risca!

 IX – Em mais um erro, desta vez de Villanueva, o Vizela, equipa que ainda há três anos militava no terceiro escalão nacional, que há poucas semanas substituiu o idolatrado treinador dessa caminhada, Álvaro Pacheco, pelo contestado Tulipa, que mesmo em casa jogava com menos adeptos nas bancadas, chegava ao terceiro golo num chapéu (mais um!) de aba larga! Era a certidão de óbito definitiva de um jogo que ninguém esperava que findasse assim!

 X – Urge agora reflectir. Era inexpectável tamanho resultado, mesmo sabendo das debilidades da equipa.

Porém, mais do que tudo, importará num processo de catarse colectiva identificar os erros que conduziram a tamanho malogro. Importará reflectir em Janeiro como será possível retocar um plantel que precisa de retoques. Importará aferir de como será possível montar um plano B que permita à equipa sair de situações adversas.

 XI – Que 2023 traga o que todos desejamos e que não traga mais dias futebolísticos como o de ontem. Bom ano a todos!

Vasco André Rodrigues

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